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À frente do Grupo Assurê, Henrique Brandão Jr. implementa inovações no legado de seu pai e com uma ampla visão de mercado.
No comando do Grupo Assurê, Henrique Brandão Jr. diz que a corretagem está no seu DNA e desde pequeno ele acompanhou a trajetória do seu pai, Henrique Brandão. No guarda-chuva do Grupo está a corretora, a Assurê Internacional, para acordos de resseguros, a Positiva, administradora de benefício, e o executivo antecipa que um novo projeto que breve será posto em prática, a Soomar, voltada para o segmento de saúde.
Revista Cobertura | Como foi a decisão em trabalhar na corretora do seu pai?
Henrique Brandão Jr. | Por quase cinco anos morei fora do Brasil, me formei em Administração de Empresas, nos Estados Unidos. Naquela época, não tinha internet, era muito difícil me comunicar com os meus pais, e eu me sentia um pouco egoísta por estar lá. Decidi que deveria voltar para ajudar o meu pai a dar continuidade no que ele tinha construído – a Assurê tem 53 anos.
RC | Antes de se dedicar totalmente à corretora, você teve outras atividades?
HBJ | Tive uma produtora de cinema e uma produtora de música, mas sabia que em algum momento eu teria que me aproximar da corretora, pois era ela quem pagava as contas da família e eu poderia contribuir. Foi quando comecei efetivamente a trabalhar com o meu pai, inicialmente como auxiliar administrativo, eu entregava documentos, pois o meu pai fazia questão que eu conhecesse onde estavam as seguradoras e os nossos clientes, eu levava e trazia documentos e fui conhecendo as pessoas do mercado.
RC | Não é fácil ser filho do dono.
HBJ | Exatamente, como para a maioria das pessoas, pois cerca de 90% das empresas no Brasil são familiares. Mas fui desenvolvendo o meu trabalho dentro da companhia e todo tempo tentando provar para as pessoas que eu tinha competência pelas minhas atribuições e não por ser filho do dono. Imagine o quanto é difícil se posicionar tendo um pai que tem uma posição política (ele é presidente do Sincor-RJ) e é muito presente na empresa.
RC | Quais foram os passos seguintes?
HBJ | Depois fui para o Automóvel, fazendo endosso, trabalhando em uma área mais administrativa e operacional. Posteriormente, para a área comercial e o meu primeiro trabalho foi dentro de uma agência do Bradesco, como corretor. Depois eu fui galgando outras áreas, fui para o RE, que me deu muito conhecimento para poder desenvolver a área de resseguros. Montamos a Assurê Internacional, a primeira corretora de resseguros brasileira sem nenhum sócio internacional.
RC | Em 2015, você foi escolhido para assumir o Grupo?
HBJ | Eu já fazia parte do conselho há dez anos e a família e os executivos decidiram que eu tinha o perfil para assumir como CEO. Hoje são três vice-presidentes na empresa, todos mais velhos e mais experientes no mercado do que eu, mas eles sabem o quanto posso contribuir para o desenvolvimento da empresa. Todas as mudanças feitas na Assurê nos últimos dez anos fui eu quem implementou.
RC | Entre elas, um foco maior no varejo?
HBJ | Exatamente, quando assumi a Assurê, as vendas de seguros eram muito voltadas para o segmento corporativo e mudei esse contexto para um processo de varejo, até para que pudéssemos diminuir o nosso risco e ter menos chance de errarmos. Perder R$ 10 mil é melhor do que perder 10 mil clientes. Foi um processo difícil de mudança, a corretora tinha toda uma história de 50 anos, tive que mudar um pouco esse perfil.
RC | E também foi criada a Positivo?
HBJ | Ela é uma administradora de benefícios que criamos há três anos e tenho outros projetos, principalmente no saúde, um projeto de outra corretora que se chama Soomar. Hoje só falam que o mercado que será mais resiliente e que terá oportunidades é o de Vida e o Saúde. Estamos completamente envolvidos nesses dois.
RC | O que é mais desafiador atualmente no mercado?
HBJ | O nosso maior problema não é a pandemia, mas é o mercado. A Susep e o que está sendo colocado para dificultar a nossa profissão. Pela nossa força política, tivemos uma grande vitória, tentaram desregulamentar a nossa profissão (MP 905) e nós conseguimos mantê-la. Foi uma briga árdua que particularmente participei. E temos outras. A Susep já colocou que a partir de 1º de julho teremos que incluir a comissão na apólice, uma discussão que está cada dia mais complicada. Estamos brigando para que seja revogada, não apenas os corretores terão problemas, mas as seguradoras também.
RC | O que vê como mudança nesse cenário de pandemia?
HBJ | A pandemia é um problema para o mundo e para o nosso negócio, mas sempre olho para o copo cheio. Vejo o que todos estão vendo, uma oportunidade grande no Vida e no Saúde. O mundo está aprendendo a importância da proteção de seguro, da reserva de emergência. A pandemia está forçando as pessoas a pensarem no conceito de gestão de risco. O que vai mudar é o valor de consumo da sociedade.
RC | Com um time de 236 funcionários e colaboradores, como vocês se adaptaram?
HBJ | Em quatro dias, conseguimos colocar 100% da empresa em home office, todos estão trabalhando como se estivessem na empresa, não só na questão de tecnologia, mas da comunicação: quem liga para o nosso 0800 ou para o nosso PABX, a secretária atende e transfere para o funcionário. Após a pandemia, 32% trabalharão em home office, mantendo os seus direitos.
RC | É uma visão ampla de mercado?
HBJ | Exatamente, não é importante que apenas eu cresça, se tiver uma atividade de corretores fortes, a gente tem um mercado mais forte. Esse trabalho político e social nós também fazemos, brigamos por isso junto às entidades do mercado, como a Fenacor, e também junto ao Legislativo e o Executivo para defendermos os nossos interesses e a nossa profissão.
RC | O próprio mercado está vendo a importância do corretor?
HBJ | As seguradoras sabem da nossa importância na questão da consultoria, da especialização e da análise de risco. Fazemos um underwriting que elas não sabem fazer, existe esse equilíbrio. A discussão era que o corretor precisava se modernizar, o próprio consumidor já exigia isso da gente, e com a pandemia, as corretoras que conseguiram sair do analógico para o digital viram alguma vantagem comercial e produtiva.
RC | O plano de troca de comando foi adiado?
HBJ | Defini que eu ficaria no cargo por quatro anos, o que terminaria nesse ano. Não quero ser eternamente o presidente. Já sou dono e faço parte do conselho, quero dar a oportunidade para outras pessoas. Com a pandemia, tivemos que postergar essa decisão. Vamos escolher ou contratar alguém de mercado para poder assumir a presidência. Continuarei na Assurê em alguma função comercial, produzindo, pois a corretora vive de quem produz.
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